sábado, 29 de março de 2025

LIÇÕES DA EBD – 2º TRIMESTRE DE 2025



No 2º Trimestre de 2025 estudaremos sobre o seguinte tema: “E O VERBO SE FEZ CARNE - Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor”. Teremos como base o Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu o apóstolo João.

Comentarista: Pr. Elienai Cabral. Ele atua como consultor doutrinário e tológico da CGADB e da CPAD, e além de conferencista, ele é autor de várias obras editadas pela editora.

O apóstolo João inicia o Evangelho com esta solene verdade: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). Diz mais: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14). João deixa claro que o Filho de Deus, que se encontrava no seio do Pai, foi concebido pelo Espírito Santo para habitar entre nós (Sl.2:7; Is.7:14; João 1:18; 3:16).

1. Por que João denomina-o “Verbo de Deus”?

Sendo Cristo o executivo do Pai, todas as coisas vieram à existência por intermédio dEle; sem Ele, nada do que é existiria. A expressão “no princípio” transporta-nos a Gêneses 1:1. Na criação, Jesus já atuava: “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).

O evangelista João aponta o “Verbo” como alguém que já existia desde a eternidade; não foi criado, mas gerado. Jesus “é imagem do Deus invisível o primogênito de toda a criação” (Cl.1:15). Notai que ele diz: “Ele é”; não eraou será, nem muito menos que Ele se tornou a imagem de Deus; Ele é o presente eterno - "Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e eternamente" (Hb.13:8). Jesus assumiu sua humanidade para revelar-nos Deus e sermos conduzidos ao Pai.

2. “O Verbo estava com Deus”

Isto declara que Ele, o Verbo, desde o início era Deus, indicando a deidade de Jesus. Essa deidade é descrita “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Cl.1:19). Era do desejo do Pai que Jesus tivesse toda a plenitude da divindade; Ele não é um deus menor. Jesus é a expressão da vontade divina; é o Agente na Criação: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3); “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl.1:16).

Todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele. Isto quer dizer que nada do que se fez, se fez sem Jesus Cristo. Ele tem o controle sobre tudo, e até mesmo Satanás, que antes era Lúcifer, o querubim ungido para adoração de Deus, também foi criado por Deus, através de sua Palavra viva, que é Jesus.

3. “E o Verbo era Deus"

Isto aponta para o Filho de Deus. Não se trata de acréscimo de mais um Deus aqui, posto que ao apóstolo foi revelado, pelo Espírito Santo, que o Verbo divino está incluído na essência una e indivisível da Deidade, embora seja Ele distinto do Pai (João 8:17,18; 2João 3).

No trimestre passado, na Lição 05, estudamos exaustivamente sobre esse assunto. Dissemos que, desde os Evangelhos até as epístolas, a natureza divina de Cristo é proclamada com clareza, mostrando que Ele é o Deus eterno que se revelou em carne.

João começa seu Evangelho com uma declaração poderosa: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). Aqui, o termo “Verbo” (do grego Logos) identifica Jesus como a manifestação plena e eterna de Deus. Ele não é apenas divino, mas é Deus em sua essência, coexistindo com o Pai desde a eternidade.

Apóstolo Tomé, após a ressurreição, reconhece Jesus como “Senhor meu e Deus meu” (João 20:28). Essa afirmação é um testemunho direto da divindade de Cristo. Jesus não apenas aceita essa adoração, mas confirma que a fé de Tomé é legítima, reforçando Sua identidade divina.

Paulo descreve Jesus como existindo “na forma de Deus” (morphē theou) (Fp.2:6), o que significa que Ele possui a mesma essência divina. Sua escolha de não se apegar à igualdade com Deus, mas de esvaziar-se, mostra Seu amor e humildade, mas não nega Sua divindade.

Paulo também afirma que Cristo é o “mistério de Deus” (Cl.2:2). Ele é a revelação suprema e completa do Deus invisível (Cl.1:15), sendo plenamente Deus em essência (Cl.2:9).

Em Tito 2:13, a expressão “nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” une os títulos de Deus e Salvador em uma única Pessoa, Jesus Cristo. Ele é apresentado como o foco da esperança dos cristãos, reafirmando Sua natureza divina.

Pedro reafirma a divindade de Cristo, descrevendo-O como “nosso Deus e Salvador” (2Pd.1:1). Essa passagem também conecta a obra salvadora de Cristo diretamente à Sua divindade, evidenciando que Ele é tanto o justo quanto o justificador (Rm.3:26).

João conclui sua primeira epístola com uma declaração categórica: “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1João 5:20). Jesus é identificado não apenas como Aquele que concede a vida eterna, mas como o próprio Deus verdadeiro.

Essas passagens não deixam dúvidas sobre a identidade divina de Jesus. Ele é o Deus eterno, Criador, Salvador e Redentor. Reconhecer Jesus como Deus não é apenas uma questão teológica, mas o fundamento da fé cristã e da nossa esperança de salvação.

4. "E o Verbo se fez carne" (João 1:14a)

Depois de afirmar a perfeita divindade do Verbo, João agora assevera sua perfeita humanidade. Jesus é tanto Deus como homem. É perfeitamente Deus e perfeitamente Homem. O Verbo que criou o mundo, a razão que controla a ordem do mundo, fez-se carne e veio morar entre os seres humanos. Possui duas naturezas distintas: divina e humana. É Deus de Deus, luz de luz, coigual, coeterno e consubstancial com o Pai. Não obstante, fez-se carne.

Quando o Verbo se fez carne, as duas naturezas - divina e humana - se uniram inconfundivelmente, imutável, indivisível e inseparavelmente. Vemos, portanto, a presença de Deus entre os seres humanos (João 1:14). O Verbo eterno, pessoal, divino, autoexistente e criador esvaziou-se de sua glória, desceu até nós e vestiu pele humana.

A carne de Jesus Cristo tornou-se a nova localização da presença de Deus na terra. Jesus substituiu o antigo tabernáculo. Fez-se um de nós, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado (cf. Hb.4:15). Isto é o grande mistério da encarnação (1Tm.3:16).

O Verbo, portanto, se fez carne, mas permaneceu sendo o Verbo de Deus (João 1:1,18). A segunda Pessoa da Trindade assume a natureza humana sem deixar de lado a natureza divina. Nele as duas naturezas, divina e humana, estão presentes. Veja a Lição 03 do 1º trimestre de 2025.

5. Características humanas do Verbo

Há indicações claras na Bíblia que Jesus era uma Pessoa plenamente humana, sujeito a todas as limitações comuns à raça humana, mas sem pecado. Ele nasceu como todo ser humano nasce. Embora sua concepção tenha sido diferente, uma vez que não houve a participação de um pai biológico, todos os outros estágios de crescimento foram idênticos ao de qualquer ser humano normal, tanto física como intelectual e emocional. Também no sentido psicológico era genuinamente humano, pois pensava, raciocinava, se emocionava, como todo ser humano normal. Há abundantes e incontestáveis provas de sua humanidade, ou seja, de que Ele nasceu, cresceu e viveu entre nós. Cito algumas:

a)   Seu nascimento (Lc.2:6,7). Jesus nasceu de uma mulher humana, passando por todas as fases que uma criança normal passa. Seu nascimento é contado com detalhes nos dois primeiros capítulos de Mateus e de Lucas.

b)   Seu crescimento (Lc.2:52). Cresceu como toda criança normal cresce, sendo alimentada por comida e água. Seu corpo não era sobre-humano e não tinha características especiais, diferentes de qualquer ser humano normal.

c)   Suas limitações físicas. Foram idênticas as de um ser humano:

Ø  Sentia fome (Mt.4:2; Mc.11:12).

Ø  Sentia sede (João 19:28).

Ø  Ficava cansado (João 4:6).

Ø  Sofria dor (João 18:22; 19:2,3).

d)   Era uma Pessoa real, não um espírito (1João 1:1; Mt.9:20-22; 26:12; João 20:25,27). Jesus de fato foi visto e tocado pelas pessoas à sua volta. Não era um espírito com a forma humana, nem um fantasma, mas um Homem real, a ponto de Tomé só acreditar em sua ressurreição após tocá-lo. O testemunho do Espírito de Deus afirma que Jesus tomou plenamente a forma humana (1João 4:2,3a).

e)   Sua morte (Lc.23:46; João 19:33,34). Sua morte não foi aparente, mas verdadeira – “Mas, vindo a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas” (João 19:33). Seu corpo sucumbiu aos sofrimentos infligidos e de fato expirou à semelhança de todos os homens. Esta é talvez a suprema identificação de Jesus com a humanidade, pois sendo Deus não deveria morrer, mas ao assumir plenamente a humanidade torna-se sujeito a possibilidade da morte. Eis uma verdade tremenda e profunda!

Portanto, Jesus Cristo não somente era pleno Deus, era também pleno ser humano. Ele exibia um conjunto pleno tanto de qualidades divinas quanto de qualidades humanas, numa mesma Pessoa, de tal modo que essas qualidades não interferiram uma na outra.

6. Necessidade da encarnação do Verbo

A encarnação de Cristo é o maior evento da história humana, o dia em que o divino se uniu ao humano com o propósito de salvar o ser humano. Com o ato da encarnação Deus mostrou que os sistemas humanos estavam e estão falidos, filosofia ou religião não podem fazer nada pelo ser humano. Deus mostrou que todo tipo de obra ou ritual religioso que o homem cumpra é inoperante para salvá-lo, e só Ele poderia mudar a situação. Observe alguns porquês da encarnação de Cristo e entenda esta necessidade:

a) Porque o ser humano nasce morto em pecado. Todos nascem em pecado, e assim em débito com Deus (Rm.3:23; 5:12; Ef.2:1-3), merecendo com isso o castigo pelo pecado, a morte eterna, que é o pagamento desta dívida (Rm.6:23a).

b) Porque não se pode ser salvo cumprindo rituais religiosos. Os esforços pessoais do ser humano de nada valem. Paulo passou boa parte de sua vida ensinando que a salvação não poderia ser alcançada cumprindo-se regras religiosas como a Lei de Moisés, por exemplo (Gl.cap.3 e 4). Por ter uma natureza pecaminosa (carnal) o ser humano não atinge as exigências de Deus (Rm.7:12-24; 8:7,8).

c)  Porque não se pode ser salvo praticando boas obras. Obras de pessoas pecadoras, mortas espiritualmente, são mortas também (Is.64:6). Só a graça de Deus proporciona a salvação (Ef.2:8-10), e esta graça veio com a encarnação de Cristo (João 1:17,18).

d) Porque há necessidade de justiça. A encarnação foi o meio de Deus proporcionar ao ser humano a justiça que ele não tinha. Paulo em Rm.3:21-26 explica que no tempo da graça (de Cristo) se manifestou a justiça de Deus. Esta justiça os profetas do Antigo Testamento já anunciavam, e agora ela havia chegado não para os que cumpriam a Lei, ou praticavam boas obras, mas para os que tinham fé em Jesus Cristo. Ele se encarnou para ser a propiciação pelos pecados. Pagou a pena de morte que o homem devia à Lei por não tê-la cumprido, mas ressuscitou porque era sem pecado. A justiça que Ele ganhou sendo justo não serve para Ele, porque Ele já é santo, mas é depositada (imputada) para todo aquele que tem fé nEle, que aceita o Seu sacrifício como substituto na cruz.

e) Porque Deus é amor. A encarnação de Cristo para morrer como inocente no lugar de criaturas pecadoras demonstra o grande amor de Deus. Este foi o motivo maior pelo qual Ele enviou Cristo ao mundo (João 3:16; Rm.8:39; 1Joao 4:19). Foi apenas por amor que Deus veio a terra; em Cristo se fez Emanuel (Deus conosco) (Mt.1:23). E na cruz foi concretizado esse amor.

Diante de tudo isso podemos afirmar e acreditar quão importante foi a encarnação do Verbo de Deus. A salvação só foi realizada porque Cristo veio em carne (Ef.2:15: Cl.1:22; 1Pd.3:18; 4:1). O caminho à presença de Deus foi aberto pela Sua carne (Hb.10:22). Foi por se encarnar que Ele pôde ser o Mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5).

No início da Igreja, à época da João, muitos falsos mestres enganavam os cristãos verdadeiros que Jesus não veio em carne. Naqueles dias surgiram na grande cidade de Éfeso e em toda a região da Ásia, onde estavam instaladas as sete igrejas, muitos enganadores que, através de falas doutrinas, intentavam induzir os crentes ao erro fatal. Surgiram “anticristos” (1João 2:18), mentirosos (1João 2:22) e falsos profetas (1João 4:1). João escreveu acerca dos falsos mestres para advertir os cristãos novos na fé - “Estas coisas vos escrevo a respeito daqueles que vos querem enganar”(1João 2:26).

A situação da igreja inspirava cuidados. Notamos isso pelo que se lê nas Cartas às sete igrejas da Ásia (Ap.cap.2 e 3). As heresias grassavam em muitas comunidades. O gnosticismo, sistema que mistura ideias filosóficas, crenças judaicas e cristãs, era uma das principais fontes de heresias da época. Assim, muitos cristãos se tornaram gnósticos. Criam em Jesus, mas negavam a realidade de sua encarnação e morte. Os hereges (os gnósticos) enganadores ensinavam que Jesus era apenas um homem, filho natural de José e Maria. Em outras palavras, eles não criam em Cristo como o Deus encarnado. Afirmavam que o mal residia na matéria; portanto, negavam que Deus pudesse se encarnar. Todavia, em relação a Cristo, João escreveu: "nós ouvimos, vimos, contemplamos, nossas mãos tocaram..." (1João 1:1-3). Ou seja, o apóstolo estava afirmando firmemente que o corpo de Cristo era matéria, pois poderia ser tocado, como de fato o foi. Não se tratava de um espírito, uma aparição, como os gnósticos afirmavam (1João 4:2; 5:6).

João foi contundente contra esses hereges, quando diz: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo”(1João 4:1-3).

Portanto, não conhecer a encarnação de Cristo é negar as profecias do Antigo Testamento e a mensagem do seu cumprimento em o Novo Testamento (ver Is.7:14; 9:6; João 1:1,14).

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14).

6. Temas das Lições a serem estudadas

Durante o 2º trimestre, exploraremos as seguintes Lições propostas:

Lição 1: O Verbo que se tornou em carne.

Lição 2: O Novo Nascimento.

Lição 3: A verdadeira adoração.

Lição 4: Jesus — o Pão da Vida.

Lição 5: A Verdade que liberta.

Lição 6: O bom Pastor e suas ovelhas.

Lição 7: “Eu sou a ressurreição e a vida”.

Lição 8: Uma lição de humildade.

Lição 9: O caminho, a verdade e a vida.

Lição 10: A promessa do Espírito.

Lição 11: A intercessão de Jesus pelos discípulos.

Lição 12: Do julgamento à ressurreição.

Lição 13: Renovação da esperança.

Conclusão

O estudo deste 2º trimestre de 2025 reforça a doutrina central da fé cristã: Jesus Cristo é Deus, plenamente divino e plenamente humano. As Escrituras são claras ao afirmar sua divindade, apresentando-o como o Verbo eterno que se fez carne (João 1:1,14), o Deus verdadeiro e a vida eterna (1João 5:20).

A encarnação do Verbo não é apenas um evento teológico, mas a maior demonstração do amor de Deus pela humanidade. Ele veio ao mundo para restaurar nossa comunhão com o Pai, iluminando aqueles que estavam em trevas e trazendo salvação e vida eterna.

Que os estudos deste trimestre nos aproximem ainda mais de Cristo, o Verbo que se fez carne, fortalecendo nossa fé e compreensão de sua obra redentora. Que possamos reconhecer a grandeza dessa verdade e permitir que a Luz do Verbo transforme nossas vidas, conduzindo-nos a um relacionamento mais profundo com Deus.

 

Luciano de Paula Lourenço

IEADTC/EBD

 

domingo, 23 de março de 2025

PERSEVERANDO NA FÉ EM CRISTO

         1º Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 13

Texto Base: 2Timóteo 3:10-17

“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração” (2Pedro 1:19).

2Timóteo 3:

10.Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência,

11.perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou.

12.E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.

13.Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.

14.Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.

15.E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

16.Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,

17.para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.

INTRODUÇÃO

Com esta Lição, encerramos o primeiro trimestre de 2025, no qual refletimos sobre as principais heresias que ameaçam a identidade e a missão da Igreja de Cristo ao longo da história. Além de desmascarar os erros e enganos dessas doutrinas, aprendemos como a Palavra de Deus nos equipa para responder a cada desafio com firmeza e sabedoria.

Nesta última Lição, destacamos a importância de perseverar na fé em Cristo. Como cristãos, somos chamados a preservar e viver o cristianismo bíblico e histórico, mantendo a integridade do Evangelho diante das pressões e desafios de cada época. A perseverança não é apenas uma virtude individual, mas um compromisso coletivo que fortalece a Igreja e assegura sua continuidade como luz do mundo e sal da terra. Que esta lição nos inspire a continuar firmes na fé que herdamos e a transmiti-la com fidelidade às próximas gerações.

I. DIANTE DAS HERESIAS É PRECISO PERSEVERANÇA

1. Os falsos mestres

As Epístolas Pastorais de Paulo (1 e 2 Timóteo e Tito) são preciosas em sua abordagem tanto pastoral quanto apologética. Nelas, o apóstolo destaca a necessidade de preservar a pureza doutrinária em meio às ameaças das heresias que emergiam na Igreja primitiva. A menção às “fábulas ou genealogias intermináveis” (1Tm.1:4; Tt.3:9) e à “falsamente chamada ciência” (1Tm.6:20) reflete uma defesa direta contra os primeiros sinais do gnosticismo, um movimento filosófico-religioso que se desenvolveu no século II. Esse sistema se baseava em uma "gnose" (conhecimento especial) e desconsiderava aspectos essenciais da fé cristã, como a humanidade e a divindade de Cristo.

Além disso, Paulo combate heresias de origem judaica, como as “fábulas judaicas” (Tt.1:14) e as práticas legalistas que distorciam o Evangelho, representadas pelos “falsos doutores da lei” (1Tm.1:7). Esses mestres buscavam impor o legalismo e enfatizavam a circuncisão como requisito salvífico (Tt.1:10), em clara oposição à liberdade encontrada na graça de Cristo.

A obra “Contra as Heresias”, escrita por Irineu de Lião (135-204), revela que os problemas enfrentados por Paulo se intensificaram nos séculos seguintes, especialmente devido ao avanço do gnosticismo. Esse contexto histórico confirma que o combate às falsas doutrinas sempre exigiu perseverança e sólido conhecimento bíblico. A Igreja precisa estar constantemente alerta, ancorada na verdade das Escrituras e capacitada pelo Espírito Santo, para refutar as heresias e proteger o rebanho de Cristo.

2. A experiência apostólica (2Tm.3:10,11)

“Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou”.

O apóstolo Paulo, em sua segunda carta a Timóteo, enfatiza a importância da perseverança no ministério em tempos de adversidade. Ele menciona as perseguições que enfrentou durante sua primeira viagem missionária, especialmente em Antioquia da Pisídia, Icônio e Listra (Atos 13:50; 14:5-7,19). Nessas ocasiões, Paulo experimentou oposição ferrenha, sendo até apedrejado e deixado como morto em Listra (Atos 14:19). Essas experiências demonstram não apenas a intensidade das perseguições, mas também o poder de Deus em livrar seus servos.

Embora Timóteo tenha se integrado à comitiva apostólica apenas na segunda viagem missionária de Paulo (Atos 16:1-3), ele possuía um profundo vínculo com os eventos narrados, pois era natural de Listra e viveu na mesma época em que ocorreram as perseguições. Sua mãe, Eunice, e sua avó, Lóide, já eram destacadas na fé (2Tm.1:5), sugerindo que Timóteo provavelmente testemunhou ou ouviu relatos detalhados sobre o sofrimento de Paulo e Barnabé na região. Isso teria fortalecido sua convicção e preparado seu coração para o compromisso com o ministério.

Essa conexão pessoal é essencial para entender a admiração de Paulo pela perseverança de Timóteo. Mesmo não tendo participado diretamente dessas adversidades iniciais, Timóteo assimilou a resiliência apostólica como um modelo de vida e fé. O exemplo de Paulo demonstra que perseverar na fé não significa ausência de tribulação, mas sim a fidelidade inabalável a Cristo mesmo diante de perseguições, o que serve como lição atemporal para todos os cristãos.

3. Entendendo o “querer” (2Tm.3:12)

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”.

No texto de 2Timóteo 3:12, o verbo “querer” expressa mais do que um desejo superficial; ele reflete uma decisão consciente e resoluta de viver de forma piedosa em Cristo Jesus. Essa escolha implica comprometimento profundo com os valores e princípios do Evangelho, independentemente das adversidades que possam surgir.

Esse “querer” vai além de uma aspiração vaga ou circunstancial. Ele envolve um propósito deliberado de coração, uma dedicação inabalável à fé e à santidade. Na perspectiva bíblica, viver piamente significa alinhar a vida aos ensinamentos de Cristo, rejeitando o conformismo com o mundo (Rm.12:2) e abraçando a cruz, um símbolo de entrega e perseverança (Lc.9:23).

A associação desse “querer” com perseguições não é incidental. Paulo destaca que tal escolha inevitavelmente atrai oposição, pois o estilo de vida cristão contrasta com os padrões do mundo. O apóstolo Pedro reforça essa ideia em 1Pedro 4:14, lembrando que sofrer por Cristo é motivo de honra, pois “sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus”. O sofrimento, nesse contexto, não é apenas um teste de fé, mas também uma oportunidade de glorificar a Deus e demonstrar a eficácia de Sua graça.

Para os cristãos contemporâneos, este ensinamento desafia a buscar uma fé comprometida e intencional, reconhecendo que as tribulações por causa do Evangelho são inevitáveis, mas também recompensadoras, tanto espiritualmente quanto na manifestação do caráter de Cristo em nós.

4. Características dos enganadores (2Tm.3:13)

“Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados”.

O termo usado pelo apóstolo para “enganadores” ou “impostores”, em 2Timóteo 3:13, é “goês”. Este termo é rico em significado e carrega um peso cultural e histórico que amplifica sua aplicação no texto. Refere-se a indivíduos que praticam embustes com aparência de religiosidade. Na literatura grega antiga, a palavra era empregada para designar charlatões, ilusionistas, ou feiticeiros que utilizavam artifícios fraudulentos para enganar outros, frequentemente em contextos religiosos ou espirituais.

Ao aplicar este termo, Paulo denuncia falsos mestres que usam o nome de Deus para propagar doutrinas enganosas. Esses indivíduos operam no campo religioso, onde suas ações parecem autênticas, mas têm como objetivo explorar, confundir e desviar os fiéis. A menção de que “irão de mal a pior” enfatiza a natureza degenerativa de suas práticas. Eles não apenas se afastam da verdade, mas também arrastam outros consigo, conforme descrito por Pedro em 2Pedro 2:1-3, que alerta contra falsos doutores que introduzem heresias destruidoras.

A conexão entre esses enganadores e o campo religioso ressalta o perigo de uma falsa espiritualidade. Paulo adverte contra a superficialidade e enfatiza a necessidade de discernimento espiritual para reconhecer e refutar essas práticas. Os cristãos são chamados a se manter firmes na sã doutrina, protegendo-se do engano e das consequências devastadoras de seguir tais falsos mestres.

Essa advertência permanece relevante na atualidade, dado o aumento de movimentos que manipulam a fé para ganho pessoal ou ideológico. Por isso, o compromisso com a Palavra de Deus é essencial para resistir aos embustes e perseverar na fé em Cristo.

Sinopse I: DIANTE DAS HERESIAS É PRECISO PERSEVERANÇA

As Epístolas Pastorais de Paulo (1 e 2 Timóteo e Tito) abordam a necessidade de preservar a pureza doutrinária diante do avanço das heresias. Paulo alerta sobre os falsos mestres, incluindo os primeiros sinais do gnosticismo e práticas legalistas de origem judaica. A obra "Contra as Heresias", de Irineu de Lião, demonstra que essa luta persistiu ao longo dos séculos, exigindo da Igreja conhecimento bíblico sólido e vigilância constante.

a)   A experiência apostólica e a perseverança

Em 2Tm 3:10,11, Paulo compartilha as perseguições que enfrentou, especialmente em Antioquia, Icônio e Listra, destacando o livramento divino. Timóteo, natural de Listra, conhecia bem esses eventos, o que fortaleceu sua fé e compromisso ministerial.

b)   O significado do "querer" em 2Tm 3:12

O desejo de viver piedosamente em Cristo não é apenas uma intenção, mas uma decisão resoluta que atrai perseguições. Esse ensinamento reforça que a fidelidade a Cristo exige compromisso e resistência, sendo um testemunho vivo da graça divina.

c)   Os enganadores e seus perigos (2Tm 3:13)

Paulo descreve os falsos mestres como "enganadores" (goês), um termo que remete a charlatões religiosos. Eles enganam e são enganados, desviando muitos da verdade. O apóstolo alerta para a necessidade de discernimento espiritual e firmeza na Palavra para resistir às falsas doutrinas.

O combate às heresias exige perseverança, conhecimento bíblico e discernimento espiritual. A Igreja deve permanecer ancorada na verdade das Escrituras, protegendo-se dos falsos ensinos e vivendo de maneira fiel ao Evangelho.

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II. APRENDENDO, SENDO INTEIRADO E SABENDO

1. De quem Timóteo aprendeu as Sagradas Letras? (2Tm.3:14)

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido”.

Este versículo destaca a importância de permanecer firme nos ensinamentos recebidos, enfatizando tanto a fonte quanto a qualidade do aprendizado de Timóteo. A expressão “sabendo de quem o tens aprendido” no texto original grego utiliza o pronome plural "timṑn" (dos quais), sugerindo múltiplos influenciadores na formação espiritual de Timóteo.

Esses mestres incluem, sem dúvida, Eunice e Loide, sua mãe e avó respectivamente, mencionadas em 2Timóteo 1:5 como exemplos de fé sincera. Elas foram responsáveis por introduzir Timóteo às Escrituras desde a infância (2Tm.3:15), provavelmente ao ensiná-lo os textos do Antigo Testamento. Essa referência reforça a relevância da educação espiritual no ambiente familiar.

Além disso, o apóstolo Paulo aparece como outra figura essencial na formação de Timóteo. Como mentor, Paulo não apenas ensinou a doutrina cristã, mas também modelou uma vida íntegra e perseverante, como descrito em 2Timóteo 3:10,11. Ele transmitiu os princípios da fé com clareza e vivência prática, oferecendo um exemplo concreto de discipulado.

A pluralidade de fontes aponta para um aprendizado diversificado, que inclui o ensino familiar e a orientação pastoral. Isso sublinha a importância de uma base sólida na Palavra de Deus para lidar com os desafios espirituais e heresias que ameaçam a fé. Essa combinação de influência familiar e discipulado pastoral foi crucial para que Timóteo crescesse na fé e se tornasse um líder capacitado na igreja primitiva.

Essa passagem nos inspira a valorizar tanto o aprendizado formal quanto os exemplos práticos em nossa caminhada cristã. Ela reforça que a transmissão da fé é uma responsabilidade comunitária que começa em casa e se estende à igreja e seus líderes.

2. Permanecendo firme nas Sagradas Letras (2Tm.3:15)

“E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”.

Neste versículo, Paulo exorta Timóteo a perseverar nas verdades espirituais que ele havia aprendido desde cedo, enraizadas nas "sagradas letras", termo que se refere ao Antigo Testamento, a única parte da Escritura disponível naquele momento. A ênfase está em duas razões principais para essa firmeza: (a) a confiança nas fontes do ensino — sua mãe Eunice, sua avó Loide (2Tm.1:5) e Paulo como mentor apostólico (2Tm.2:2); e (b) a autoridade das Escrituras, que são “úteis para ensinar, repreender, corrigir e instruir na justiça” (2Tm.3:16).

A formação espiritual de Timóteo começou no ambiente familiar, evidenciando a importância do ensino bíblico no lar. Passagens como Deuteronômio 6:4-8 e Provérbios 22:6 reforçam que a educação nos caminhos do Senhor deve ser transmitida desde a infância. As mães e avós de Timóteo desempenharam um papel crucial ao ensiná-lo os fundamentos das Escrituras, mostrando que o lar é o primeiro lugar onde os valores cristãos devem ser plantados e cultivados.

A exortação de Paulo também nos lembra do papel complementar da igreja, especialmente por meio da Escola Bíblica Dominical, na formação espiritual. Enquanto o lar é o berço do ensino inicial, a igreja é um espaço de aprofundamento e reforço dessa base espiritual. Essa integração entre lar e igreja é essencial para criar cristãos sólidos e bem preparados para enfrentar as adversidades espirituais.

Esse princípio permanece relevante. Nos dias atuais, onde as influências externas são cada vez mais intensas, é fundamental que a educação cristã comece no lar, com apoio da comunidade de fé, para formar uma geração que permaneça firme nas Escrituras e fiel a Deus. A fidelidade de Timóteo é um exemplo inspirador de como o ensino fundamentado na Palavra de Deus gera líderes espirituais capazes de resistir aos desafios e às heresias.

3. A Bíblia é divinamente inspirada

“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm.3:16).

Este versículo afirma que “toda a Escritura é inspirada por Deus”, utilizando o termo grego “theopneustos”, que combina "Theos" (Deus) e "pneo" (respirar ou soprar). Esta expressão destaca a origem divina das Escrituras, sublinhando que elas não são meramente produtos do esforço humano, mas o resultado do sopro do Espírito Santo sobre os autores sagrados. Como Pedro explica, “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:21), reforçando que o processo de inspiração envolvia a ação direta de Deus guiando os escritores em seus contextos históricos e culturais.

A frase “toda a Escritura” abrange tanto o Antigo Testamento, reconhecido na época de Paulo como Escritura Sagrada, quanto os textos que formariam o Novo Testamento, já amplamente citados como autoritativos no período apostólico (1Tm.5:18; 2Pd.3:15,16). Essa declaração enfatiza que cada parte do texto bíblico, sem exceção, é divinamente inspirada e útil para o ensino e formação espiritual.

Propósito das Escrituras:

O texto de 2Timóteo 3:16,17 delineia os propósitos das Escrituras:

  • Ensinar – Fornecendo doutrina sólida e a verdade de Deus.
  • Repreender – Corrigindo erros doutrinários e morais.
  • Corrigir – Ajustando comportamentos inadequados para uma vida reta.
  • Instruir em justiça – Orientando para uma vida que reflete o caráter de Deus.

Além disso, o versículo 17 conclui que esse processo torna o servo de Deus “perfeitamente habilitado para toda boa obra”, mostrando que a Escritura é suficiente para guiar o cristão em todas as áreas da vida.

Nenhuma outra obra literária possui a prerrogativa de ser a “Palavra de Deus” em sua plenitude. Enquanto outras literaturas religiosas ou filosóficas podem conter reflexões valiosas, somente a Bíblia é apresentada como totalmente inspirada por Deus, com poder de transformar vidas e preparar os crentes para a salvação em Cristo (2Tm.3:15).

Essa verdade deve nos levar a um profundo senso de reverência e responsabilidade no estudo e na aplicação da Palavra de Deus. Como cristãos, somos chamados a reconhecer sua autoridade divina e permitir que ela molde nossas crenças, valores e ações. Além disso, devemos ensinar às próximas gerações o valor da Bíblia, incentivando uma vivência que seja enraizada em suas verdades eternas.

Sinopse II: APRENDENDO, SENDO INTEIRADO E SABENDO

O apóstolo Paulo exorta Timóteo a permanecer firme no ensino que recebeu, destacando a importância da formação espiritual desde a infância e a autoridade das Escrituras.

1. A fonte do aprendizado de Timóteo

Timóteo foi ensinado desde cedo por sua mãe, Eunice, e sua avó, Loide (2Tm 1:5), recebendo instrução nas Sagradas Letras, que, à época, correspondiam ao Antigo Testamento. Além do ensino familiar, ele foi discipulado por Paulo, que o guiou na fé cristã e o preparou para o ministério (2Tm 3:10,11). Essa formação sólida garantiu-lhe firmeza doutrinária e capacidade para enfrentar desafios espirituais.

2. Permanecendo firme nas Escrituras

Desde a infância, Timóteo conhecia as Escrituras, que o tornaram sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus (2Tm 3:15). O ensino bíblico em casa, aliado à instrução eclesiástica, formou uma base sólida para sua jornada cristã. Esse princípio continua relevante: a educação cristã deve começar no lar e ser fortalecida na igreja, garantindo uma fé inabalável diante das heresias.

3. A inspiração e a autoridade da Bíblia

Paulo declara que toda a Escritura é inspirada por Deus (2Tm 3:16). O termo grego theopneustos ("soprada por Deus") indica que a Bíblia não é apenas um texto humano, mas uma revelação divina. Suas finalidades incluem ensinar, repreender, corrigir e instruir em justiça, preparando os crentes para uma vida piedosa e frutífera.

A vida de Timóteo exemplifica como a transmissão fiel das Escrituras desde a infância fortalece a fé e capacita líderes espirituais. A Bíblia, como única fonte plenamente inspirada por Deus, é suficiente para guiar, corrigir e edificar a Igreja, garantindo a preservação da sã doutrina ao longo das gerações.

III. TENDO AS ESCRITURAS COMO O FUNDAMENTO

1. A autoridade apostólica e as Escrituras

A autoridade dos apóstolos do Novo Testamento é fundamental para a doutrina e prática da Igreja. Desde os primórdios, a Igreja reconheceu os escritos apostólicos como tendo o mesmo peso de autoridade das Escrituras do Antigo Testamento, pois tanto os profetas quanto os apóstolos foram inspirados pelo Espírito Santo. Essa equivalência é evidente, por exemplo, em 1Timóteo 5:18, onde Paulo cita Deuteronômio 25:4 e Lucas 10:7 lado a lado, indicando que os Evangelhos já eram considerados Escritura inspirada na época. Além disso, 2Pedro 3:15,16 reconhece as epístolas paulinas como parte da "Escritura", um termo que se refere aos textos sagrados com autoridade divina.

Embora os apóstolos ocupassem uma posição única como testemunhas oculares da ressurreição e receptores diretos das palavras de Cristo (Atos 1:21,22), suas mensagens não eram autônomas, mas transmitiam o que receberam do Espírito Santo (João 14:26; 16:13). Esse mesmo Espírito inspirou os profetas do Antigo Testamento (2Pd.1:21), criando uma unidade entre as duas partes da Bíblia. Como resultado, todos os 66 livros têm o mesmo grau de inspiração e autoridade, como bem destacado no princípio da inspiração plenária e verbal, que afirma que cada palavra das Escrituras é divinamente inspirada.

O reconhecimento dos livros do Novo Testamento como Escritura não foi arbitrário, mas um processo guiado pelo Espírito Santo e baseado em critérios claros: apostolicidade (ligação direta a um apóstolo), conformidade com a doutrina cristã e ampla aceitação pela Igreja primitiva. Esses textos se tornaram a base doutrinária para a fé e a prática cristãs, assumindo autoridade suprema em questões teológicas, éticas e eclesiásticas.

A igualdade de autoridade entre o Antigo e o Novo Testamento exige que os cristãos leiam e estudem ambos com a mesma reverência e dedicação. Essa abordagem evita uma visão desequilibrada da revelação divina e promove uma compreensão holística da mensagem de Deus. Além disso, a submissão à autoridade apostólica implica aceitar os ensinamentos do Novo Testamento como normativos para a vida cristã, uma vez que refletem a vontade de Deus revelada em Cristo.

A Igreja, portanto, continua a edificar-se sobre o “fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef.2:20), com Cristo como a pedra angular. Essa base sólida garante a pureza doutrinária e a unidade da fé cristã em meio aos desafios contemporâneos.

Sinopse

A autoridade apostólica no Novo Testamento é fundamental para a doutrina e a prática da Igreja, sendo equiparada à autoridade dos escritos do Antigo Testamento. Desde o início, a Igreja reconheceu os textos apostólicos como Escritura inspirada pelo Espírito Santo, conforme evidenciado em 1Timóteo 5:18 e 2Pedro 3:15,16.

Embora os apóstolos tenham tido uma posição única como testemunhas oculares da ressurreição de Cristo, sua mensagem não era autônoma, mas transmitida pelo Espírito Santo, assim como ocorreu com os profetas do Antigo Testamento (João 14:26; 16:13; 2Pedro 1:21). Dessa forma, os 66 livros da Bíblia possuem o mesmo grau de inspiração e autoridade divina, conforme o princípio da inspiração plenária e verbal.

O reconhecimento do Novo Testamento como Escritura seguiu critérios claros: apostolicidade, conformidade doutrinária e aceitação pela Igreja primitiva. Assim, ele se tornou a base doutrinária para a fé e a prática cristã, com autoridade suprema em questões teológicas e eclesiásticas.

A igualdade entre os testamentos exige estudo e reverência a ambos, promovendo uma compreensão integral da revelação de Deus. A Igreja continua edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, com Cristo como pedra angular (Efésios 2:20), garantindo a pureza doutrinária e a unidade da fé cristã diante dos desafios contemporâneos.

2. Abrangência de “Toda Escritura” (2Tm.3:16)

A expressão "toda Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3:16) carrega um significado profundo sobre a abrangência das Escrituras. É verdade que no contexto imediato da época em que Paulo escreveu esta epístola, o termo "Escritura" frequentemente referia-se ao Antigo Testamento, como demonstrado por várias passagens (Mt.21:42; Mc.12:10; João 5:39). Contudo, ao analisarmos o Novo Testamento como um todo, fica claro que o conceito de "Escritura" também se estende ao Novo Testamento, corroborando a unidade e completude dos 66 livros da Bíblia.

Evidências da Inclusão do Novo Testamento

a) Reconhecimento interno no Novo Testamento:

  • Em 2Pedro 3:15,16, as cartas de Paulo são classificadas como "Escritura", o que demonstra o reconhecimento de que os escritos apostólicos já possuíam autoridade divina.
  • 1Timóteo 5:18 coloca citações do Antigo Testamento (Dt.25:4) e do Evangelho de Lucas (Lc.10:7) em pé de igualdade, reconhecendo ambos como Escritura inspirada.

b) Testemunho dos apóstolos:

  • 2Pedro 3:2 destaca que tanto "as palavras dos santos profetas" quanto "os mandamentos do Senhor transmitidos pelos apóstolos" são fundamentais, reforçando que os escritos apostólicos são continuidade do testemunho profético.

c) Unidade divina das Escrituras:

  • O Espírito Santo, como autor supremo, é o agente que inspirou cada livro da Bíblia (2Pd.1:20,21). Assim, a Bíblia, em sua totalidade, é a revelação divina, com o Antigo e o Novo Testamento complementando-se para transmitir o plano completo de Deus.

O reconhecimento da abrangência de "toda Escritura" ensina que a Bíblia, em sua totalidade, é útil e indispensável para a vida cristã. Isso exige uma abordagem equilibrada no estudo das Escrituras, considerando tanto o Antigo quanto o Novo Testamento como partes indispensáveis da revelação de Deus. Ao compreendermos isso, reafirmamos a centralidade da Bíblia como a fonte primária e infalível de doutrina, ética e prática para a Igreja e para o cristão.

Este entendimento reforça nossa confiança na Bíblia como a Palavra viva de Deus, capaz de transformar vidas e equipar os crentes para toda boa obra (2Tm.3:17).

Sinopse

A afirmação de que "toda Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3:16) destaca a autoridade e abrangência das Escrituras Sagradas. No contexto original de Paulo, o termo "Escritura" referia-se principalmente ao Antigo Testamento (Mt.21:42; Mc.12:10; João 5:39). No entanto, ao analisarmos o Novo Testamento, percebemos que ele também se enquadra nessa definição, consolidando a unidade dos 66 livros da Bíblia como revelação divina.

Evidências da Inclusão do Novo Testamento:

a)    Reconhecimento interno no Novo Testamento

2Pedro 3:15,16 classifica as cartas de Paulo como "Escritura", demonstrando sua autoridade divina.

1Timóteo 5:18 coloca citações do Antigo Testamento (Dt.25:4) e do Evangelho de Lucas (Lc.10:7) em igualdade, reconhecendo ambos como inspirados.

b)   Testemunho dos apóstolos

2Pedro 3:2 reforça que tanto as palavras dos profetas quanto os ensinamentos apostólicos são fundamentais para a fé cristã.

c)    Unidade divina das Escrituras

O Espírito Santo inspirou tanto os profetas quanto os apóstolos (2Pd.1:20,21), garantindo a harmonia entre os testamentos e a completude da revelação de Deus.

O reconhecimento da abrangência de "toda Escritura" reafirma que a Bíblia completa é essencial para a vida cristã. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são indispensáveis para o estudo, a doutrina e a prática cristã, consolidando a Bíblia como a única fonte infalível de fé e conduta. Essa verdade fortalece nossa confiança na Palavra de Deus, que é viva, eficaz e capaz de transformar vidas, capacitando os crentes para toda boa obra (2Tm 3:17).

3. O Manual de Deus (2Tm.3:16b,17)

A Bíblia, descrita como "inspirada por Deus", é apresentada em 2Timóteo 3:16,17 como um manual essencial para a vida cristã. Paulo enumera quatro propósitos centrais pelos quais as Escrituras são úteis: ensinar, redarguir, corrigir e instruir em justiça. Estes elementos revelam a função prática e abrangente da Palavra de Deus, que não apenas ilumina a compreensão, mas molda o caráter e direciona as ações dos cristãos.

Funções Pastorais e Pessoais das Escrituras

a)   Ensinar. A Bíblia é a fonte primária de conhecimento divino, fornecendo a doutrina necessária para uma vida alinhada com a vontade de Deus. Ela revela quem Deus é, Seus planos e Suas promessas para a humanidade.

b)   Redarguir. A Palavra confronta o erro, corrigindo desvios doutrinários e comportamentais, sendo um guia confiável para discernir a verdade em meio a heresias e enganos.

c)   Corrigir. Além de apontar os erros, as Escrituras oferecem direção para a retificação, ajudando o crente a restaurar um caminho de obediência e fidelidade.

d)   Instruir em justiça. A Bíblia instrui sobre como viver de forma justa, promovendo a santidade pessoal e a prática do amor e da justiça nas relações humanas.

O versículo 17 destaca que o objetivo final da Palavra é "aperfeiçoar o homem de Deus". O termo "aperfeiçoar" refere-se à maturidade espiritual e à preparação integral para realizar as boas obras que glorificam a Deus. Isso reforça o papel das Escrituras como um recurso essencial, capaz de equipar tanto obreiros quanto todo crente para viver de forma eficaz na missão cristã.

A comparação com Salmos 119:105 ("Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho") ressalta que, sem a orientação das Escrituras, a humanidade estaria perdida, à deriva em um mundo de escuridão espiritual. A Palavra de Deus não apenas revela a luz de Cristo, mas também capacita o crente a viver como um reflexo dessa luz no mundo.

Enfim, o reconhecimento da Bíblia como o "manual de Deus" nos desafia a:

ü  Ler, estudar e aplicar as Escrituras diariamente.

ü  Permitir que seus ensinamentos moldem nossas decisões e ações.

ü  Compartilhar sua sabedoria e instruções com outras pessoas, promovendo transformação espiritual e moral.

A Bíblia é, portanto, mais do que um livro; é uma ferramenta viva, projetada para transformar vidas e equipar os cristãos para impactar o mundo com as boas obras de Cristo.

Sinopse:

A Bíblia, inspirada por Deus (2Tm.3:16,17), é um guia essencial para a vida cristã, proporcionando ensino, correção e direção espiritual. Paulo destaca quatro funções principais das Escrituras, que não apenas esclarecem a verdade, mas também moldam o caráter e as ações dos crentes.

Funções Pastorais e Pessoais das Escrituras

  1. Ensinar – A Bíblia revela a natureza de Deus, Seus planos e Suas promessas, fornecendo a base doutrinária para a fé cristã.
  2. Redarguir – A Palavra confronta o erro e corrige desvios doutrinários e morais, protegendo contra heresias.
  3. Corrigir – Além de expor os erros, as Escrituras oferecem orientação para restaurar a obediência a Deus.
  4. Instruir em justiça – A Bíblia ensina a viver de forma santa e justa, promovendo amor e retidão nas relações humanas.

O versículo 17 enfatiza que a Palavra de Deus tem o propósito de aperfeiçoar o homem de Deus, capacitando-o para boas obras e crescimento espiritual. Essa ideia é reforçada por Salmos 119:105, que compara a Bíblia a uma lâmpada que ilumina o caminho da vida, evitando que o crente se perca na escuridão espiritual.

Aplicação Prática

O reconhecimento da Bíblia como o "manual de Deus" nos desafia a:
Ler, estudar e aplicar seus ensinamentos diariamente.
Permitir que a Palavra molde nossas decisões e atitudes.
Compartilhar suas verdades, promovendo transformação espiritual e moral.

Mais do que um livro, a Bíblia é uma ferramenta viva, projetada para transformar vidas e equipar os cristãos para impactar o mundo com as boas obras de Cristo.

CONCLUSÃO

Com esta Lição, encerramos o 1º trimestre letivo da EBD de 2025, que foi profundamente edificante e desafiador. Ao longo das semanas, estudamos como as heresias antigas, ainda que revestidas de nova aparência, continuam ameaçando a fé cristã. Sob o tema geral "Em Defesa da Fé Cristã – Combatendo as Antigas Heresias que se Apresentam com Nova Aparência", fomos conduzidos a compreender essas ameaças, refutá-las com base nas Escrituras e reafirmar nosso compromisso com a sã doutrina.

Na lição de hoje, refletimos sobre a necessidade de perseverar na fé herdada em Cristo. A verdadeira perseverança não é apenas uma questão de resistência passiva, mas um esforço ativo para guardar a verdade do Evangelho, resistir aos falsos mestres e permanecer firmes na Palavra de Deus. Revisitamos o exemplo de Timóteo, sua educação nas Sagradas Letras e o encorajamento de Paulo para que permanecesse fiel àquilo que aprendeu. Esse exemplo nos desafia a cultivar um relacionamento profundo com as Escrituras, reconhecendo-as como nossa guia para toda boa obra e nossa arma contra os enganos.

Ao concluir este trimestre letivo de 2025, somos exortados a nos comprometer com uma fé cristã viva, bíblica e histórica, resistindo aos ventos de doutrinas que tentam desviar o povo de Deus. Que o aprendizado deste trimestre inspire a Igreja a permanecer firme e inabalável em sua missão, proclamando a verdade e glorificando a Cristo em todas as coisas.

Sigamos perseverando, sabendo que “sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 2Timóteo.

Bíblia de Estudo Apologética Cristã. CPAD.

Pr. Raimundo de Oliveira. Seitas e Heresias. CPAD.

Pr. Esequias Soares. Heresias e Modismos. CPAD.

Silas Daniel. Seitas e Heresias. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

Dicionário Wycliffe. CPAD.